caeduca.com

Entrevista com Beatriz Martins Arruda – Coordenadora de GT do CAEduca 2022

A entrevistada desta vez é Beatriz Martins Arruda

Beatriz Martins Arruda é Arquiteta e Urbanista, graduada pela UNICAMP, onde atualmente cursa o doutorado em Engenharia Civil. Mestre em Urbanismo pela PUC-Campinas. Bolsista UNIVESP, é discente na Especialização em Processos Didático-Pedagógico para Cursos na Modalidade a Distância e atua como tutora EaD em cursos de engenharia. Desenvolve pesquisas interdisciplinares em sustentabilidade do habitat humano, envolvendo ecovilas, saneamento básico e educação.

Atua como pesquisadora no Grupo de Pesquisa CNPq FLUXUS – Laboratório de Ensinagem em Sustentabilidade Socioambiental e Morfologia Urbanas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp e como Líder Operacional do Círculo de Pesquisa da rede brasileira de ecovilas do Consejo de Assentamientos Sustentables de América Latina – CASA Brasil, vinculada à Global Ecovillage Network (GEN).  É também Coordenadora do GT Especial EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL do CAEduca 2022.

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Desde criança me sentia feliz e estimulada pelo ambiente escolar. Quando ingressei na universidade, o curso de bacharelado noturno me permitiu experimentar diferentes campos de atuação profissional, mas acabei me encontrando na iniciação científica e na monitoria. Engatei no mestrado logo após a formatura, o que expandiu meus horizontes e intensificou meu desejo de aliar pesquisa científica com docência. Assim, ingressei no doutorado exatamente um ano após obter o título de mestra. Só que acabei mudando de área, dada minha formação generalista e o interesse que cresceu em mim pela sustentabilidade das infraestruturas urbanas ligadas ao saneamento básico, campo de estudos rico de possibilidades para desenvolver trabalhos com abordagem sistêmica, reunindo diferentes áreas do conhecimento. Paralelamente venho atuando como professora, inicialmente via estágio docente em disciplinas de graduação e oferecendo aulas pré-vestibular para a prova específica do curso de Arquitetura e Urbanismo, inclusive durante a pandemia. Mais recentemente ingressei na Univesp e no universo da Educação a Distância, ao mesmo tempo em que atuei no curso de especialização em Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo oferecido pela FECFAU Unicamp, em modo remoto emergencial. Simultaneamente ser discente e docente no contexto pandêmico, em contato com o segundo grau, graduação e pós-graduação, buscando tornar-me uma arquiteta sanitarista (que é uma profissão que ainda não existe formalmente) me fez refletir muito sobre a qualidade da educação que o século XXI requer e sobre o que eu poderia fazer para ser contribuição para o que eu estava testemunhando. O aprimoramento técnico dentro da minha especialidade não poderia prosseguir desacompanhado da investigação sobre ensino e aprendizagem. Além das metodologias ativas apoiadas pelas tecnologias digitais, que ganharam maior relevância e têm-se mostrado bastante interessantes para cursos que envolvem projetos, como engenharias, arquitetura e urbanismo, entre outros, também tenho me inspirado em modelos pedagógicos que visam a sustentabilidade e a autonomia conjuntamente e são aplicáveis não só a estudantes, mas a comunidades e organizações, como é o caso do programa Educação Gaia, dos cursos de design em permacultura (PDC) e da Sociocracia, que podem empoderar quem deles se apropria.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

O CAEduca é um evento consonante com os tempos atuais, tendo em vista seu formato exclusivamente digital, que é estruturado de forma muito criativa, reunindo diversos campos do saber em torno de um tema transversal e crucial para o desenvolvimento das sociedades humanas. Para além da ideia de que não há profissão que prescinda do professor, mentor, instrutor ou facilitador, para cada movimento cotidiano, aprender e ensinar são atividades incessantes que nos acompanham no decorrer da vida, nos permitem refletir sobre o que fazemos e trocar experiências de forma a evoluir individual e coletivamente, desde os nossos pequenos mundos, entre parentes e vizinhos, até quando nos integramos socialmente como grandes massas e, mais ainda, como uma grande família planetária. A energia subjacente que anima o CAEduca é de uma comunidade que interage, troca, constrói conhecimento e cria conexão. Para mim, o espírito curioso, cooperativo e desafiador que um ambiente interdisciplinar, virtual e multicultural como o deste evento instiga é um caminho a ampliar e multiplicar no mundo acadêmico do século XXI.

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

A Educação Ambiental (EA) é transdisciplinar e, conforme preconiza a lei brasileira e outras legislações mundo afora, no contexto atual torna-se cada vez mais visível a pertinência da sua inserção como eixo transversal curricular de formação em todos os níveis de ensino, nas mais variadas especialidades, em espaços formais e não formais. Não tendo sido formada na área, posso relatar somente pela minha experiência prática que percebo dificuldades em compatibilizar conceitos, linguagens e métodos para transitar entre as diferentes áreas do conhecimento. Me parece bastante importante, embora trabalhoso, desenvolver bases epistemológicas e visões de mundo comuns para que as comunidades científicas, profissionais técnicos atuantes no mercado e gestores das esferas pública e privada compartilhem e colaborem com maior facilidade para criar realidades mais sustentáveis. O esforço de melhoria da qualidade das nossas interações, observando igualmente “como” além do “o quê” comunicamos, na minha opinião é o maior desafio para que emerjam ideias e soluções inovadoras de forma saudável. O tema requer mais e melhores maneiras de interação entre as pessoas a partir das quais será possível construir novas visões de futuro, sínteses, processos e produtos de forma colaborativa, não apenas entre profissionais especialistas, mas envolvendo toda a sociedade, aproveitando a potência da diversidade.

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores

Sugiro considerar a produção de textos como oportunidade de autoaprimoramento, fazendo analogia ao espírito do esportista, que a cada vez que tenta, busca superar-se, mas sem deixar que o foco nos resultados ofusque a vivência do processo, que pode ser divertido. Convido todos que carreguem consigo a crença de que escrever é difícil ou complicado demais que abandonem-na e partam para a ação, pois é lendo e escrevendo que se aprende a ler e a escrever melhor. Estar nesses processos mentais com o coração alegre, animado pelo desafio que constituem, aduba grandemente o campo das ideias. Mais que uma ótima colheita, desejo a todos que escolherem semear palavras com bom humor e boa disposição que encontrem, sobretudo, prazer nesse trabalho.

Gostou da entrevista? Não esqueça de comentar e compartilhar.

Para mais informações sobre o CAEduca e se cadastrar para novidades, visite o site www.caeduca.com

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *