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Entrevista com Gabriel Cardoso Cândido sobre o Prêmio CAEduca 2023

O entrevistado desta semana é Gabriel Cardoso Cândido. Ele é Advogado (PUC-RIO). Especialista em Direito Penal e Criminologia (PUC-RS). Discente da pós-graduação em Direitos Humanos (CEI).

Desenvolve pesquisas na área criminal, é coautor do livro “Direito e Pensamento Decolonial”, com o capítulo: Reincidência criminal: contornos constitucionais (Codemy) e também do livro “Temas interdisciplinares de educação”, com o capítulo: A operacionalização do Sistema de Justiça Criminal pela branquitude: uma perspectiva a partir da obra de Machado de Assis (Pembroke Collins).

Confira a entrevista:

1) Você foi selecionado para o Prêmio CAEduca 2021. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até o Prêmio.

Iniciei minha jornada na área do Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), onde obtive minha graduação e posteriormente aprimorei meus estudos com especializações em Direito Penal e Criminologia, e atualmente em Direitos Humanos. Ao longo desses anos, mergulhei em temas complexos e atuais, como o sistema de justiça criminal, a violência policial, o sistema carcerário, o cômputo duplo da pena e a remição pelo tratamento degradante, sempre sob a ótica dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana.

Como estagiário e posteriormente advogado, tive a oportunidade de vivenciar o universo prático do Direito Criminal, seja no ambiente acadêmico, em escritórios de advocacia ou na Defensoria Pública. Além disso, participei ativamente de projetos de pesquisa e extensão que visavam não apenas compreender as dinâmicas jurídicas, mas também promover a justiça social e a defesa dos direitos fundamentais.

Além de minhas atividades profissionais, venho participando do debate público por meio de artigos em periódicos, participações em congressos e artigos de opinião, sempre buscando disseminar a indignação acerca das violações dos direitos humanos no Brasil, principalmente no que se refere ao sistema de justiça criminal.

2) Você acompanhou o CAEduca, então presenciou discussões variadas sobre educação. O que mais lhe chamou atenção no evento?

O que mais nos chamou a atenção no evento foi a variedade de elementos que enriqueceram a experiência. A decisão de gravar as apresentações foi especialmente marcante, pois proporcionou uma maior capacidade de apreciar os trabalhos dos colegas e, potencialmente, interagir e estabelecer novas conexões. Além disso, as conferências especiais foram verdadeiros destaques, contribuindo para os debates e discussões críticas sobre educação. Temas como gestão escolar, Projetos de Pesquisa e Extensão, Educação em Saúde, Gênero e Sexualidade, Violência Doméstica, Empreendedorismo Social, entre outros, foram abordados de forma aprofundada, ampliando nosso entendimento sobre diferentes facetas da educação contemporânea.

Especialmente, o Grupo de Trabalho (GT) “Educação e Direitos Humanos” foi uma experiência enriquecedora. A diversidade de abordagens apresentadas neste GT foi impressionante, proporcionando insights valiosos sobre como os direitos humanos podem e devem ser integrados ao contexto educacional. Essa variedade de perspectivas e discussões profundas certamente ampliou nosso horizonte e nos inspirou a refletir de maneira crítica e inclusiva sobre os desafios na área da educação.

3) O seu artigo fala sobre o topocídio e o esvaziamento das memórias afetivas. As pessoas poderão acessá-lo no livro do CAEduca, mas poderia nos contar em linhas gerais do que ele trata?

O artigo aborda a experiência de um projeto de montagem teatral intitulado “Cotidiano: racismo e seletividade penal”, desenvolvido por estudantes universitários com o objetivo de transformar questões acadêmicas sobre teoria crítica da raça e branquitude em uma linguagem acessível e teatral. A peça visa sensibilizar o público sobre as violências estruturais do racismo e do sistema de justiça criminal, especialmente em relação à violência policial, adaptando-se ao contexto da pandemia de COVID-19 para alcançar audiências digitais. O artigo fundamenta-se em estudos acadêmicos que destacam os privilégios da branquitude e as violações de direitos humanos perpetradas pelo Estado, especialmente contra a população negra, evidenciando a importância da interdisciplinaridade e do engajamento em prol dos direitos humanos.

4) Bom, outros educadores vão se espelhar em você para participarem do próximo CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir artigos de qualidade e inovadores na educação?

A comunhão de 3 fatores resulta em produções de qualidade, quais sejam: vontade, estudo e técnica.

Por “vontade” podemos entender como “paixão” por algum tema ou causa. A vontade de contribuir para o avanço da educação e de fazer a diferença é fundamental para impulsionar as produções.

Separar tempo para se dedicar ao estudo verticalizado do tema escolhido também é de fundamental importância. Eu, particularmente, quando inicio meus estudos para escrever um artigo, separo por volta de 10 episódios de podcasts ou palestras no Youtube e 10-20 artigos de opinião, para fins exploratórios no assunto. Só depois, separo os livros de referência e os artigos científicos que serão estudados, fichados e possivelmente utilizados no trabalho. Acredito que esse “aquecimento intelectual” entre podcasts, palestras e artigos de opinião fornecerá mais objetividade nas escolhas dos próximos passos.

Por fim, destaco a relevância do estudo contínuo acerca das técnicas de pesquisa e de metodologia, bem como técnicas de escrita, de argumentação e de convencimento.

Ao incorporar esses três elementos em sua prática de produção de artigos, você estará mais bem equipado para gerar contribuições significativas e impactantes para o campo da educação.

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