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Entrevista com Carmen Lúcia Capra – Coordenadora de GT do CAEduca 2023

A entrevistada da vez é Carmen Lúcia Capra.

Carmen Lúcia Capra é Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), mestra e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) na Graduação em Artes Visuais e no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED). Dedica-se à pesquisa sobre educação e artes visuais (formação docente, ensino, escola, políticas da arte, práticas pedagógicas antirracistas) e práticas artísticas insurgentes, limítrofes ou contra hegemônicas. Tem atuado na promoção de ações de cunho artístico e educativo que entrelacem ensino, pesquisa e extensão.

Lidera o Grupo de Pesquisa Flume (Uergs/CNPq <www.grupoflume.com.br>), integra o Núcleo Educativo MARGS-Uergs (2012-atual) e participa do Grupo de Pesquisa Arteversa (UFRGS/CNPq).

 

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Conheci o evento por meio da amizade com Antonio Cícero de Andrade Pereira, docente na Universidade Estadual do Piauí – UESPI, que brotou em dois anos de estudos sobre representatividade, miscigenação e o mito da democracia racial no Brasil e branquitude, no Grupo de Estudos oferecido pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, em parceria com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS e no âmbito do Programa Público Presença Negra no MARGS.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

A abrangência, considerando os temas dos GTs e GTs especiais, e a eficiente organização das informações sobre o evento. 

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

Os temas do GT são fundamentais para acionar uma conscientização sobre a reparação social no e a partir do mundo das artes e da educação, além de publicizar movimentos que já ocorrem neste sentido. Consideramos aí as diversas artes e suas instituições, as diversas instâncias promotoras de educação e as duas, quando ocorrem juntas. Além de expor os impedimentos materiais e simbólicos impostos às pessoas negras, ao trazer o item branquitude ao conjunto, também dirigimos o foco à hegemonia identitária branca. Identificar a estrutura previamente racializada que privilegia o branco e que desumaniza as pessoas não brancas é um incentivo para o inadiável engajamento na causa antirracista. Este é o principal desafio: ao reconhecer os prejuízos imputados às pessoas não brancas e como estes podem ser reparados, reconhecer o predomínio branco e a sua responsabilidade no restauro do equilíbrio entre as existências.

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Diria que textos de qualidade vêm de três circunstâncias inseparáveis: uma seriam os estudos realizados por quem tem dedicação, abertura, e que são feitos em companhias, não em solidão. A segunda seria uma escrita que permita que os estudos atravessem o que já sabemos ou queremos comprovar ou afirmar, pois isso tem o seu limite no que já está no rol das convicções e dos problemas vigentes, não do futuro. A terceira e fundamental circunstância é a existência de implicação com o território. Apenas uma pessoa que pisa no mesmo solo com outros – pessoa, animal, planta, rio – e que se assume corresponsável por um melhor viver com outros, tornará vivos o estudo e a escrita. 

 

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