A entrevistada da vez é Rachel de Miranda Taveira.

Rachel de Miranda Taveira é Formada em Direito, mas com experiências nas áreas social, educacional e artística. Atuou em defesa de direitos coletivos e individuais, em várias áreas do direito e na educação. No Direito, foi Advogada Popular e Orientadora na fundação São Paulo, em tutelas coletivas de moradia, como Advogada de associações de defesa de direitos, nas áreas de criança e adolescente, cultura, regularização fundiária e terceiro setor, de individuos, famílias e condominios, nas áreas cível, imobiliário/condominial, família e previdenciário. Na pesquisa, arte e educação, trabalhou em instituições de ensino, em grupos de pesquisa e como professora particular. Mestra pela PUC/SP, no Núcleo de Filosofia do Direito, pesquisou e escreveu sobre acesso à justiça e a direitos, pluralismo jurídico e interdisciplinaridade. Atualmente Advoga em escritório próprio e Coordena a Área Pedagógica e de Cidades e Meio Ambiente no Instituto DiverCidades, ONG que ajudou a fundar.
Autora e coautora de artigos sobre acesso à justiça e interdisciplinaridade e materiais sobre ecossocialismo e desmatamento, co-fundadora do Instituto Fórum Popular da Natureza e do Instituto Divercidades e sócia-administradora da Saberes Plurais)
1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Sempre busquei estar presente em Congressos, Seminários, Grupos de Estudos, Fóruns, Movimentos e outros espaços de formação e militância, entendendo-os como oportunidades de ampliar horizontes e dialogar com diferentes saberes. Desde a graduação até o Mestrado em Direito, mantive esse compromisso de integrar teoria e prática, articulando o conhecimento acadêmico com as demandas sociais concretas. Hoje, na atuação profissional, sigo valorizando essa postura de aprendizagem contínua e coletiva. Nesse percurso, o CAEDJus se insere como parte fundamental, ampliando minha compreensão sobre a relação entre direitos e educação. Ser selecionada para coordenar um GT no CAEduca representa, portanto, não apenas um reconhecimento dessa trajetória, mas também uma nova oportunidade de fortalecer uma visão interdisciplinar e crítica construída ao longo dos anos.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
O que mais me chamou a atenção no CAEduca foi exatamente a centralidade dada aos debates sobre educação e direitos humanos, tratados de maneira interdisciplinar e conectada com os desafios atuais da sociedade. Esse espaço possibilitou a participação de pessoas das mais diversas áreas do saber, criando um ambiente fértil para a troca de experiências, conhecimentos e práticas. O encontro de múltiplos olhares sobre um mesmo fenômeno enriquece a compreensão e fortalece a construção coletiva de alternativas inovadoras para a educação. Além disso, a abertura ao diálogo entre diferentes trajetórias acadêmicas, profissionais e comunitárias demonstra o potencial transformador do CAEduca como espaço formativo e de articulação política e pedagógica.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?
A temática do nosso GT é fundamental porque nos provoca a repensar a educação para além de uma dimensão meramente humana, reconhecendo a natureza como sujeito de direitos e parte inseparável da vida social, cultural e política. O principal desafio, a meu ver, está em romper com a lógica utilitarista e antropocêntrica ainda predominante nos currículos, nas práticas pedagógicas e nas políticas educacionais. Isso exige não apenas incluir conteúdos socioambientais, mas transformar a forma de ensinar e aprender, cultivando uma ética de cuidado e interdependência entre seres humanos e a natureza.Outro ponto de tensão é articular diferentes saberes — acadêmicos, populares, indígenas, quilombolas e tradicionais — em um espaço de diálogo horizontal, que valorize a diversidade epistêmica e cultural.
4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Minha dica final é que não tenham medo de ousar. Textos de qualidade e inovadores nascem quando conseguimos unir rigor teórico com sensibilidade prática, trazendo nossa experiência de vida, de trabalho e de território para o papel. É importante valorizar referências diversas — acadêmicas, populares, indígenas, quilombolas, do movimento negro e de outros coletivos — para construir narrativas plurais e vivas.
Outra chave é escrever sempre com propósito: pensar para quem se escreve, qual transformação se deseja provocar e como o texto pode dialogar com diferentes áreas do conhecimento. Ao fazer isso, a escrita se torna um exercício de partilha e não apenas de exposição de ideias.
Assim, cada texto pode ser uma semente de mudança, inspirando novas leituras, práticas e debates dentro e fora do CAEduca.
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