caeduca.com

Entrevista com José Bruno Martins Leão – Coordenador de GT do CAEduca 2025

O entrevistado da vez é José Bruno Martins Leão .

José Bruno Martins Leão é Pós-doutorando em Ciência com Inteligência Artificial (Ambra University – EUA). Doutor em Sistema Constitucional de Garantia de Direitos (CEUB/ITE). Professor, pesquisador, palestrante e escritor.

Autor dos livros “Tempo, direito e processo”, “O Supremo em perspectiva”, “Justiça em transformação” e coautor do livro “O poder em questão”. Coordenador do Grupo de Pesquisa em Inteligência Artificial e Direitos Fundamentais, na Ambra University (EUA). Membro do Conselho Editorial e revisor do Journal of Public Policy and Administration (NY, EUA).

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Minha trajetória acadêmica foi construída com muito esforço, dedicação e, sobretudo, com o desejo de compreender como o Direito e a Educação podem contribuir para uma sociedade mais justa e democrática. Sou Doutor em Sistema Constitucional de Garantia de Direitos pelo CEUB/ITE, Mestre em Direito Processual e Cidadania pela UNIPAR e possuo diversas especializações que dialogam com áreas como Ciência Política, Criminologia e Análise Criminal. Atualmente, caminho no Pós-Doutorado em Ciência com Inteligência Artificial na Ambra University, nos Estados Unidos.

Ao longo desses anos, tive a oportunidade de lecionar em diferentes instituições, orientar pesquisas, revisar artigos e participar ativamente da organização de coletâneas acadêmicas nacionais e internacionais. Também desenvolvi projetos que unem inovação e educação, como cursos voltados à compreensão da jurisprudência do STF e grupos de pesquisa sobre Inteligência Artificial e Direitos Fundamentais.

Ser selecionado para coordenar um Grupo de Trabalho no CAEduca é, para mim, o reconhecimento dessa caminhada: uma oportunidade de ampliar os debates, dialogar com pesquisadores de diversas áreas e reafirmar o compromisso com a produção científica crítica, inovadora e socialmente transformadora.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

O que mais me chamou atenção no CAEduca foi a sua vocação internacional e interdisciplinar. Trata-se de um congresso que não apenas reúne pesquisadores de diferentes áreas, mas que também estimula o diálogo entre elas, criando pontes entre educação, ciência, filosofia, história, direito, psicologia e tantas outras dimensões do conhecimento humano.

Outro aspecto que considero essencial é a qualidade do espaço de debate, aberto a novas ideias e a diferentes perspectivas culturais. Isso amplia não apenas a produção científica, mas também a capacidade de compreender e transformar os desafios que enfrentamos na contemporaneidade.

Para mim, o CAEduca representa exatamente aquilo que busco em minha trajetória acadêmica: um ambiente de troca, inovação e construção coletiva, no qual a educação é tratada como força central para o futuro da sociedade.

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

O principal desafio da temática do meu Grupo de Trabalho é conciliar a riqueza da interdisciplinaridade com a profundidade necessária de cada área. Pensar a educação hoje exige abrir espaço para diferentes perspectivas — jurídicas, filosóficas, históricas, científicas, tecnológicas —, mas sem perder o rigor acadêmico e a consistência teórica que garantem a solidez das reflexões.

Além disso, vivemos em um tempo de transformações aceleradas, especialmente com a presença da Inteligência Artificial e das novas tecnologias no cotidiano educacional. O desafio é compreender como esses recursos podem ser integrados de forma ética, crítica e humanizada, sem reduzir a educação a um mero processo técnico, mas preservando seu papel formador de cidadãos conscientes e participativos.

Em síntese, o maior desafio é equilibrar tradição e inovação: valorizar os fundamentos da educação, mas ao mesmo tempo abrir-se às mudanças que o presente e o futuro demandam.

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

A minha escolha pela área da Educação surgiu do entendimento de que ela é a base sobre a qual todas as outras áreas do conhecimento se sustentam. Sempre acreditei que o Direito, por exemplo, não pode ser compreendido de maneira isolada: ele dialoga com a Filosofia, a História, a Psicologia, a Ciência Política e tantas outras dimensões humanas.

Foi justamente essa percepção que me motivou a trilhar uma trajetória interdisciplinar. A Educação me ofereceu não apenas o espaço para ensinar, mas também para aprender continuamente, numa troca permanente com alunos, colegas e pesquisadores. Ao integrar Direito e ciências humanas, encontrei um campo fértil para pensar os direitos fundamentais, a justiça e a transformação social de modo mais amplo e profundo.

Em resumo, a Educação foi o caminho que me permitiu unir o rigor científico com o compromisso de formar cidadãos críticos, conscientes e capazes de transformar a realidade em que vivem.

5) Como você enxerga o papel da Inteligência Artificial na transformação da educação e da pesquisa científica?

Acredito que a Inteligência Artificial tem um papel decisivo na transformação da educação e da pesquisa científica. Ela amplia as possibilidades de acesso à informação, acelera processos de análise de dados e cria novos caminhos para a produção de conhecimento. Entretanto, mais do que uma ferramenta tecnológica, a IA deve ser compreendida como um meio a serviço do humano.

Na educação, pode personalizar o aprendizado, apoiar professores e oferecer recursos que se adaptam ao ritmo e às necessidades de cada estudante. Na pesquisa, permite explorar bancos de dados imensos, identificar padrões invisíveis a olho nu e abrir horizontes interdisciplinares que antes pareciam inalcançáveis.

O grande desafio está na dimensão ética: precisamos garantir que a IA seja usada com responsabilidade, transparência e respeito aos direitos fundamentais. Minha convicção é que o futuro da educação e da ciência não será substituído pela inteligência artificial, mas sim potencializado por ela, desde que mantenhamos a centralidade da pessoa humana no processo, ou seja, é preciso utilizar a IA como uma ferramenta auxiliar, e não como um recurso substitutivo da inteligência natural.

6) Sua produção acadêmica já circula em bibliotecas e universidades de prestígio no Brasil e no exterior. O que representa para você ver sua obra alcançando espaços internacionais?

Ver minha produção acadêmica circular em bibliotecas e universidades de prestígio, tanto no Brasil quanto no exterior, é uma experiência profundamente gratificante. Não enxergo isso apenas como um reconhecimento pessoal, mas como a confirmação de que o conhecimento que produzimos pode ultrapassar fronteiras e dialogar com diferentes culturas e contextos.

Para mim, significa que temas como os direitos fundamentais, a democracia, a justiça e a própria educação têm relevância global, e que o esforço dedicado à pesquisa encontra eco em comunidades acadêmicas diversas. É também uma forma de reafirmar a importância da língua portuguesa como veículo de produção científica de qualidade, capaz de alcançar leitores e pesquisadores em várias partes do mundo.

7) Qual legado você espera deixar para as próximas gerações de pesquisadores e educadores?

O legado que espero deixar é o de que a pesquisa e a educação só fazem sentido quando estão comprometidas com a transformação da realidade. Quero que as próximas gerações de pesquisadores e educadores entendam que a ciência não é apenas um exercício intelectual, mas um instrumento de justiça, de dignidade humana e de fortalecimento da democracia.

Desejo também que reconheçam o valor da interdisciplinaridade e da curiosidade intelectual: que não tenham medo de dialogar com diferentes áreas, de cruzar fronteiras entre saberes e de buscar respostas para perguntas ainda não formuladas.

Por fim, gostaria que vissem em minha trajetória a prova de que é possível unir rigor acadêmico e compromisso humano. O maior legado que posso deixar é o de uma educação crítica, ética e inovadora, capaz de formar cidadãos que não apenas compreendem o mundo, mas que também se sentem responsáveis por transformá-lo, com compromisso coerência histórica e moral.

8) Bom, outras pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Minha principal dica é que cada pesquisador(a) encontre sua própria voz acadêmica, sem medo de dialogar com diferentes áreas e de propor novas perspectivas. Produzir textos de qualidade e inovadores exige, ao mesmo tempo, rigor metodológico e coragem intelectual. É importante dominar as bases teóricas e respeitar as normas acadêmicas, mas também ousar em formular perguntas originais e estabelecer conexões criativas.

Outro ponto essencial é compreender que a pesquisa não é um exercício solitário, mas um processo de troca e construção coletiva. Por isso, ler autores diversos, dialogar com colegas e participar de eventos como o CAEduca ampliam horizontes e fortalecem a escrita.

Por fim, diria que inovação nasce da curiosidade genuína e do compromisso com a transformação da realidade. Textos de impacto são aqueles que não apenas informam, mas também instigam, provocam e oferecem caminhos para pensar e agir diante dos desafios contemporâneos

Gostou da entrevista? Não esqueça de comentar e compartilhar.

Para mais informações sobre o CAEduca e se cadastrar para novidades, visite o site www.caeduca.com

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *