A entrevistada da vez é Juliele Ferreira.

Juliele Ferreira é Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Inclusão – PGCTIn da Universidade Federal Fluminense (UFF), com especializações em Educação Especial/Inclusiva, Tecnologia Educacional e Psicopedagogia. Mestrado em Ciência da Motricidade Humana. Graduação em Pedagogia, Universidade Federal Fluminense (UFF).Professora especialista em Orientação Educacional. Docente no ensino superior.
Coordenadora de Projetos e Psicopedagoga da APAE de São Gonçalo RJ. Coordenadora de Autodefensoria e de Trabalho da Federação Estadual das APAES RJ. 29 anos de trabalho com Educação Especial.
1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Minha trajetória acadêmica foi construída ao longo de quase três décadas de dedicação à educação, sempre com ênfase na inclusão escolar e no fortalecimento de práticas pedagógicas inovadoras. Sou pedagoga e psicopedagoga, com especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação (PUC) e atualmente doutoranda em Ciência, Tecnologia e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde desenvolvo pesquisas sobre o processo de inclusão de alunos com deficiência no ensino superior, com foco em Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) e formação docente.
Atuo como professora da educação pública na rede municipal de São Gonçalo RJ e como docente no ensino superior na área de Pedagogia e na Pós Graduação em Psicopedagógia. Paralelamente, desenvolvo projetos voltados à inclusão e ao apoio às famílias, como a comunidade “Juntos pelo Autismo”, que promove troca de experiências e fortalecimento de redes de apoio, e sou autora do e-book “PEI Eficiente: Como Estruturar um Plano Educativo Individual em 5 Passos”, que auxilia professores na elaboração de planos de ensino personalizados.
Minha produção acadêmica inclui a publicação de mais de 20 artigos científicos em periódicos e eventos nacionais e internacionais, além da participação como coautora em oito livros em coletânea na área de educação inclusiva, tecnologia educacional e formação de professores. Também atuo como palestrante, compartilhando práticas inclusivas e estratégias de gestão de comportamento em salas de aula.
Ser selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca representa para mim o reconhecimento de uma trajetória pautada pelo compromisso com a pesquisa, a docência e a promoção de uma educação mais inclusiva e equitativa. Estou entusiasmada em contribuir para o avanço das discussões acadêmicas e para a construção coletiva de saberes durante o congresso.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
O que mais me chamou atenção no CAEduca foi a proposta de integrar pesquisa, prática docente e inovação educacional em um mesmo espaço de diálogo. O congresso cria um ambiente fértil para trocas acadêmicas de alto nível, mas também valoriza experiências práticas de professores, pesquisadores e gestores, promovendo uma reflexão coletiva sobre os desafios da educação contemporânea.
Destaco, ainda, a diversidade de Grupos de Trabalho e a possibilidade de ampliar o debate sobre inclusão, acessibilidade e o uso de tecnologias no ensino, temas que dialogam diretamente com minha linha de pesquisa e atuação profissional. A oportunidade de contribuir para essas discussões e de aprender com colegas de diferentes regiões e instituições é, sem dúvida, o que mais me motiva a participar.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?
Considero que o principal desafio da temática “Cidadania Linguística e Inclusão Social” está em transformar o direito à linguagem em prática cotidiana nas instituições educacionais e na sociedade. Embora os marcos legais e as diretrizes curriculares reconheçam a importância do respeito à diversidade linguística — incluindo línguas de sinais, variações regionais, dialetos e a comunicação alternativa —, ainda enfrentamos barreiras culturais, pedagógicas e tecnológicas que dificultam o pleno exercício desse direito.
O desafio é, portanto, duplo: de um lado, garantir que professores e demais profissionais da educação estejam formados para acolher e valorizar a pluralidade linguística em sala de aula, superando preconceitos e práticas excludentes; de outro, promover políticas e recursos que assegurem acessibilidade comunicacional, como materiais em formatos acessíveis, intérpretes de Libras e o uso de tecnologias assistivas.
Acredito que esse GT é um espaço estratégico para problematizar essas questões, compartilhar experiências e construir caminhos interdisciplinares que articulem linguística, pedagogia, tecnologia e inclusão social, visando uma educação que respeite as múltiplas formas de expressão e participação dos sujeitos.
4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Minha principal dica é que os participantes escrevam com intencionalidade e propósito, buscando que seus textos sejam não apenas acadêmicos, mas também socialmente relevantes. Para isso, é essencial alinhar a produção científica às necessidades reais da educação, valorizar a interdisciplinaridade e manter um olhar sensível para a inclusão e a diversidade.
Outro ponto importante é investir na fundamentação teórica e na qualidade metodológica, mas sem perder a criatividade: inovar é ousar propor novas perguntas, explorar diferentes referenciais e dialogar com tecnologias emergentes. E, por fim, recomendo que compartilhem suas produções, recebam feedbacks e revisem continuamente — a escrita é um processo vivo, que se aprimora na troca com outros pesquisadores.
Assim, cada texto pode ser uma semente de mudança, inspirando novas leituras, práticas e debates dentro e fora do CAEduca.
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