A entrevistada da vez é Beatriz Martins Arruda.

Beatriz Martins Arruda é Arquiteta e urbanista (UNICAMP), doutoranda em Engenharia Civil (Saneamento e Ambiente) na mesma instituição, com estágio doutoral no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Atua como facilitadora de aprendizagem, palestrante e pesquisadora em sustentabilidade socioambiental, ecovilas, saneamento ecológico, gestão de resíduos e Lixo Zero.
Pesquisadora e ativista voluntária na Global Ecovillage Network (GEN), atuando no Círculo de Educação e Pesquisa da rede CASA Latina (Conselho de Assentamentos Sustentáveis da América Latina). Integra a International Communal Studies Association (ICSA), associação acadêmica internacional, interdisciplinar e colaborativa dedicada aos estudos de comunidades.
1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Já na graduação, me envolvi em processos de sensibilização ambiental e busquei integrar a sustentabilidade como tema transversal na formação, aplicando o pensamento ecológico em disciplinas, estágios, voluntariados e na iniciação científica, que me abriu caminhos para a pesquisa acadêmica. Nesse percurso, aprofundei meu interesse pelo movimento de encovilas, inicialmente pelos aspectos técnicos e de planejamento urbano, com foco em saneamento básico, materiais e métodos construtivos. O contato com cosmovisões e eco pedagogias ampliou meu entendimento sobre bio construção, saneamento ecológico e desenvolvimento comunitário. Esse processo se conecta aos direitos da Mãe Terra e ao ativismo que vivencio como voluntária no movimento articulado pela rede CASA Latina, que reúne desde comunidades tradicionais de povos originários até iniciativas contraculturas e comunitárias que encontram afinidade e diálogo com o conceito de ecovila proposto pela Global Ecovillage Network (GEN). Propor um GT sobre Educação Socioambiental e Direitos da Natureza é, portanto, dar continuidade a esse percurso, oferecendo um espaço de encontro entre saberes, experiências e trajetórias diversas, orientado pela justiça socioambiental e por pedagogias que reconhecem e fortalecem a interdependência entre pessoas e natureza.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
O que mais me chamou atenção foi a abertura do congresso para diálogos interdisciplinares e inovadores. O CAEduca cria um espaço em que teoria e prática se encontram, reunindo pesquisadores, educadores e estudantes que compartilham o desejo de transformar a educação. Também me atrai a dimensão internacional do evento, que possibilita trocas de perspectivas e experiências diversas, algo essencial para navegarmos com mais segurança e resiliência em tempos de crise socioambiental. Além disso, vejo o congresso como uma oportunidade de aprimoramento acadêmico, pois conta com protocolos bem estruturados de avaliação, pareceristas qualificados e uma plataforma organizada para oferecer feedbacks construtivos aos autores, dando um ótimo suporte para o desenvolvimento de trabalhos de qualidade.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?
Para mim, o maior desafio está em perceber a emergência climática como uma questão pedagógica que mobilize práticas concretas de cuidado e corresponsabilidade. Ainda que no setor de saneamento e do campo de estudos sobre gestão de resíduos, muitas vezes, o debate enfoque a técnica das soluções e tecnologias, pouco ou nada observando aspectos culturais, comunitários e educacionais. Nosso GT convida a superar essa fragmentação: a educação socioambiental precisa dialogar com territórios vivos, com experiências como as das ecovilas e de outras comunidades que já praticam formas de vida regenerativas. O desafio é justamente criar pontes entre ciência, práticas sociais e pedagogias transformadoras, de modo que a natureza não seja formalmente restrita a objeto de estudo, mas seja sujeito de direitos e parceira nos processos educativos, não apenas recursos a serem explorados.
4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Minha dica é escrever de forma atenta tanto à teoria quanto às experiências vividas, buscando sempre uma parceria entre reflexão acadêmica e prática concreta. Um bom texto nasce quando conseguimos mostrar como as teorias nos ajudam a compreender a realidade, enquanto as vivências dão corpo e sentido às reflexões. Uma ótima prática é compartilhar o trabalho com ao menos uma pessoa antes de enviar, para ter um olhar externo, poder incorporar sugestões e críticas, além de aproveitar os pareceres dos congressos como oportunidades de aprimoramento. Prestar atenção a detalhes como normas da ABNT, formatação e revisão final é importante, pois contribui para que a leitura seja clara, fluida e agradável. Com esse equilíbrio entre rigor acadêmico e abertura ao diálogo, a escrita alcança mais qualidade, profundidade e impacto.
Assim, cada texto pode ser uma semente de mudança, inspirando novas leituras, práticas e debates dentro e fora do CAEduca.
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