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Entrevista com Mariana Medina Martinez – Coordenadora de GT do CAEduca 2025

A entrevistada da vez é Mariana Medina Martinez.

Mariana Medina Martinez  é Mestre e Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos. Docente adjunta do colegiado de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Coordena o grupo de pesquisa ‘Práticas Engajadas em Direitos Humanos’, desenvolvendo projetos de extensão que utilizam abordagens lúdicas e poéticas para promover cidadania e visibilidade. É pesquisadora na área de políticas sociais e populações em vulnerabilidades, com foco em abordagens antropológicas do Estado e das práticas burocráticas.

Autora do livro Novas Faces das Vidas nas Ruas. 

1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.

Minha trajetória como Cientista Social e Antropóloga é marcada por quase duas décadas de pesquisa dedicada a grupos em situação de extrema vulnerabilidade, incluindo pessoas em situação de rua, usuários de drogas e jovens da periferia. O foco central sempre foi a produção de conhecimento aplicado para qualificar as políticas públicas direcionadas a essas populações. Nos últimos anos, contudo, com minha inserção como docente na licenciatura em Ciências Sociais, minha agenda de investigação se expandiu para abranger as políticas educacionais e os próprios processos de aprendizagem, entendidos como vetores fundamentais para a efetivação dos direitos humanos e da justiça social.

2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?

O Congresso Internacional de Altos Estudos em Educação (CAEduca) se destaca por  sua notável abrangência e pluralidade internacional. O evento se configura como uma verdadeira rede de conhecimento, congregando vozes e perspectivas diversas de especialistas renomados de diferentes partes do mundo. Essa característica é fundamental para construirmos uma visão de educação  contemporânea e plural. 

Além do prestígio intelectual, acredito que a democratização do acesso proporcionada pelo formato remoto seja um dos seus maiores diferenciais. Ele elimina barreiras geográficas, permitindo que o debate  alcance pesquisadores, educadores e estudantes de forma ampla e inclusiva.  Isso transforma o congresso não apenas em um evento de aprendizado, mas em um movimento pela acessibilidade do conhecimento.

3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?

A temática “Educação e Direitos Humanos” constitui, por sua própria natureza, um domínio fértil e complexo que demanda uma abordagem interdisciplinar. Seu desenvolvimento exige um diálogo transversal com áreas como o Direito, a História, a Sociologia, a Filosofia, a Psicologia e a Antropologia, entre outras. No entanto, além do imperativo de transitar com rigor por esses distintos campos do saber, compreendo que o desafio central reside em superar a superficialidade teórica e transformar o discurso interdisciplinar em uma práxis educativa efetivamente transformadora e contextualizada.

O maior obstáculo, assim, não está em reconhecer a multiplicidade de saberes envolvidos, mas em integrá-los de maneira orgânica para abordar problemas concretos. Isso implica criar metodologias que vão além da justaposição de conteúdos e que, de fato, fundam os saberes em projetos concretos — como investigar a violação do direito à moradia na comunidade local, articulando Geografia, Sociologia e Direito; ou analisar a representação dos direitos das mulheres na literatura brasileira, mobilizando conhecimentos de Literatura, História e Sociologia.

4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?

Minha perspectiva é a de que todo conhecimento deve ser engajado com a transformação social. Este objetivo exige um compromisso metodológico onde a prática não apenas se alinha à teoria, mas com ela se retroalimenta, em um processo contínuo de reflexão e ação. Fundamental também nesse processo é a construção conjunta do saber com os/as interlocutores/as da pesquisa, e não sobre eles/as. É nesta articulação entre o arcabouço teórico, a aplicação prática e o diálogo colaborativo que se encontra a gênese de uma produção intelectual de qualidade, mas também ética e inovadora.

Assim, cada texto pode ser uma semente de mudança, inspirando novas leituras, práticas e debates dentro e fora do CAEduca.

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