O entrevistado da vez é Rossival Cruz da Silva .

Rossival Cruz da Silva é Doutorando em Ensino de Ciências e Matemática em Rede pela Universidade Federal do Acre (UFAC), mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela mesma instituição e especialista em Metodologia do Ensino de Matemática pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Graduado em Matemática (UEA), atua como professor efetivo da Secretaria de Estado da Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas (SEDUC/AM), integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Linguagens, Práticas Culturais em Ensino de Matemática e Ciências (GEPLIMAC/UFAC), com ênfase em formação docente, jogos de linguagem e práticas culturais no ensino de Ciências e Matemática
Autor de diversos artigos científicos, dentre os quais:
Educação ambiental e matemática no Amazonas: uma abordagem wittgensteiniana (Caderno Pedagógico, 2025);
Epistemologia de Bachelard e andragogia no ensino de Ciências e Matemática na EJA: superando obstáculos e valorizando a experiência (Journal of Media Critiques, 2025);
Práticas inclusivas no ensino de Ciências e Matemática: reflexões teóricas e metodológicas (Caderno Pedagógico, 2025);
Percepção dos alunos na rede pública sobre o AprendiZAP frente à mobilização de culturas matemáticas na Educação de Jovens e Adultos (Contemporânea – Revista de Ética e Filosofia Política, 2023).
Destaca-se ainda por pesquisas pioneiras sobre o AprendiZAP e por apresentações em congressos nacionais e internacionais, incluindo o CAEduca 2024.
1) Você foi selecionada para coordenar um dos Grupos de Trabalho do CAEduca. Nos conte um pouco como foi a sua trajetória acadêmica até esta seleção.
Minha trajetória acadêmica começou na sala de aula da EJA, onde aprendi que ensinar Matemática na Amazônia exige muito mais que dominar conteúdos: é preciso compreender as histórias de vida, as culturas e os silêncios de cada educando. Essa experiência me levou ao mestrado, em que pesquisei o uso do AprendiZAP como tecnologia pedagógica para mobilizar saberes matemáticos. Atualmente, no doutorado, sigo aprofundando esse percurso, articulando Wittgenstein, Derrida e Freire para pensar jogos de linguagem e desconstrução na formação docente. Ser selecionado para coordenar um GT do CAEduca é o reconhecimento de um caminho construído na escuta e na resistência educativa da Amazônia.
2) O que mais lhe chamou atenção no CAEduca?
O CAEduca me chamou a atenção pela amplitude e pelo compromisso com a pluralidade de vozes que compõem a educação. O evento se destaca por reunir pesquisadores, professores e gestores de diferentes áreas, construindo um espaço genuinamente interdisciplinar. Além disso, a proposta de dar visibilidade à produção de cada GT fortalece a ideia de que a educação é uma construção coletiva. Para mim, que venho da realidade amazônica, ver um evento de tal envergadura valorizar trajetórias diversas é um convite à esperança e ao diálogo transformador.
3) A temática do seu GT é fundamental para pensar a educação de maneira interdisciplinar. O que você concebe como principal desafio da temática?
O maior desafio é romper com a visão ainda dominante de que a Educação de Jovens e Adultos é um espaço de compensação. Precisamos reafirmá-la como direito, espaço de invenção e lugar legítimo de produção de saberes. Outro desafio é articular tecnologias digitais, como o AprendiZAP, sem perder de vista as formas de vida amazônicas e a escuta das experiências concretas dos educandos. Trabalhar com formação docente nesse cenário exige coragem para desconstruir práticas cristalizadas e abertura para experimentar linguagens e metodologias que dialoguem com as realidades dos sujeitos da EJA.
4) Bom, outros pessoas vão se espelhar em você para participarem das próximas iniciativas do CAEduca. Que dica final você daria para que possam produzir textos de qualidade e inovadores?
Minha dica é que escrevam com coragem de se colocar como sujeitos da pesquisa. Textos inovadores nascem quando deixamos transparecer nossas marcas, nossos rastros e nossa escuta diante dos contextos que investigamos. É fundamental dialogar com as teorias, mas sem sufocar a voz que emerge da prática e da experiência. Produzir com qualidade não é apenas citar autores consagrados, mas também reconhecer os saberes que nascem da sala de aula, da comunidade e da vida. Em resumo: que cada escrita seja atravessada por compromisso ético, rigor acadêmico e sensibilidade humana.
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